sexta-feira, 12 de outubro de 2007

TPC Grupo - 01/10/2007 - Gestão e Evolução do Conhecimento

Pretendo com este artigo partilhar algumas reflexões sobre a importância que a percepção e interpretação da realidade têm na tomada de decisão e na resolução de problemas comuns. É um processo evolutivo fantástico que se exprime através duma aprendizagem contínua baseada em modelos que pretendem mostrar o caminho da sabedoria.

Partindo do início, é essencial falar dos seguintes conceitos e transmitir a real importância da sua relação:
  • Dado;
  • Informação;
  • Conhecimento;
  • Sabedoria;
Dado pode assumir significados distintos, dependendo do contexto no qual a palavra é utilizada. Para uma organização, é o registo estruturado de transacções. Genericamente, pode ser definido como um “conjunto de diferentes factos concretos, relativos a eventos” (DAVENPORT & PRUSAK, 1998). É informação bruta, uma descrição exacta de algo ou de algum evento. Os dados em si não são dotados de relevância, propósito e significado, mas são importantes porque são a matéria-prima essencial para a criação da informação.

Informação é uma mensagem com dados que fazem diferença, podendo ser audível ou visível, e onde existe um emitente e um receptor. É uma das bases mais importantes da produção humana. “São dados interpretados, dotados de relevância e propósito” (DRUCKER, 1999). É um fluxo de mensagens capazes de gerar conhecimento. É um meio ou material necessário para extrair e construir o conhecimento. Afecta o conhecimento acrescentando-lhe algo ou reestruturando-o (MACHLUP, 1983) – contextualização dos dados (relação entre o texto e a situação em que ele ocorre).

Conhecimento procede da informação assim como esta procede dos dados. É a habilidade de transformar a informação em acções reais. O conhecimento é uma mistura de elementos estruturados de forma intuitiva e, portanto, difícil de ser colocado em palavras ou de ser plenamente entendido em termos lógicos. Ele existe dentro das pessoas e é diferente de indivíduo para indivíduo, dai ser complexo e imprevisível. Segundo DAVENPORT e PRUSAK (1998), “o conhecimento pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica à medida que interage com o meio ambiente”. Os valores e as crenças integram o conhecimento pois determinam, em grande parte, o que o conhecedor vê, absorve e conclui a partir das suas observações.

A sabedoria é o reflexo da vivência, na prática, quer pela experimentação, quer pela observação, da utilização dos conhecimentos previamente adquiridos (o discernimento - não apenas do significado do conhecimento, mas do seu uso e a consciência da sua limitação). Quando se obtêm competências e o conhecimento é consolidado, novos desafios são descobertos, dando lugar a novos problemas associados a novas relações e contextos.

É fundamental perceber a relação íntima que cada um dos estados anteriores têm. Á medida que se vai descobrindo novo conhecimento pela percepção e interpretação da realidade, novos desafios surgem e que dão lugar a novas questões, novas percepções e interpretações. É um ciclo de vida interactivo e gerador de descobertas constantes desencadeadas no meio.

Subjacente a esta filosofia, cada estado representa um patamar na aprendizagem humana e na interpretação útil da realidade, que tende a melhorar com a experiência que se vai adquirindo ao longo do tempo. A extracção e inserção do conhecimento é possível por meio da:
  • Dedução;
  • Indução;
O raciocínio dedutivo parte da dedução formal tal que, postas duas premissas, delas, por inferência, se tira uma terceira, chamada conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não oferece conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso particular da lei geral. A dedução organiza e especifica o conhecimento que já se tem, mas não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.

Considera-se indução o método de pensamento ou raciocínio em que se extrai de certos factos conhecidos, mediante observação, alguma conclusão geral que não se acha rigorosamente relacionada com eles. Indução pode ser considerada também a inferência conjectural que conclui, da regularidade de certos factos, a existência de outros fatos ligados aos primeiros na experiência anterior.
A indução pode ser:
  • Completa - Faz a enumeração de casos particulares, para chegar a uma síntese ou proposição geral. Não faz comparação entre o predicado e o sujeito, fazendo apenas a redução de várias proposições a uma proposição geral;
  • Incompleta - É a passagem de um juízo particular a um juízo universal. Quanto maior o número de experiências, menor é a incerteza. Quando o número de experiências for suficientemente grande, permite-nos formular uma lei;

Ao inserir e extrair conhecimento do meio está-se a fomentar a aprendizagem humana que evolui à luz da sabedoria que é o reflexo da vivência e interiorização do conhecimento que se vai adquirindo.

O conhecimento humano pode ser avaliado em:

  • Conhecimento explícito;
  • Conhecimento implícito;
  • Conhecimento tácito;

Conhecimento Explicito é o conhecimento do qual temos consciência e que pode ser articulado formalmente através de afirmações gramaticais, expressões matemáticas, especificações, manuais, entre outros e que é facilmente transmitido, sistematizado e comunicado entre os indivíduos.

O conhecimento implícito é um tipo de conhecimento que se pode tornar explícito a qualquer momento. Está relacionado com o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual de cada pessoa, mas que pode ser formalizado ou transmitido para outro indivíduo através da comunicação.

Contrariamente ao conhecimento explícito, o conhecimento tácito dificilmente pode ser articulado formalmente. É um conhecimento pessoal incorporado à experiência individual de cada pessoa e envolve factores intangíveis como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas, sistema de valor, intuições, emoções e habilidades. Só pode ser avaliado por intermédio de acções.

“O homem é reconhecido pelo seu conhecimento.”

Após reflectir sobre todas estas dimensões, penso que todas as componentes são unidades estruturais fundamentais que se complementam e a sua integração é a principal dinâmica da criação de competências necessárias para a contínua evolução da sociedade. Em sentido mais restrito, a mesma filosofia se aplica dentro de uma organização.

A gestão de conhecimento numa organização é um processo sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional. É, portanto, uma forma de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização. É a administração dos activos de conhecimento das organizações. Permite à organização saber o que ela na realidade representa.

Por Jorge Afonso

1 comentário:

Ana Cristina Cardoso disse...

Concordo com tudo o que é referido neste post à excepção da parte final onde se diz que o conhecimento humano pode ser avaliado em três vertentes: conhecimento explícito; conhecimento implícito; conhecimento tácito.
Eu entendo conhecimento implícito e tácito como sendo a mesma coisa: trata-se de conhecimento não articulado e difícil de transmitir, que está muito relacionado com as competências derivadas da experiência e vivência pessoal. Assim, do meu ponto de vista podemos ter apenas dois tipos de conhecimento humano: conhecimento explícito e conhecimento implícito / tácito. Corrijam-me se estiver enganada, please... :-)
Ana Cardoso
http://mysiad.blogspot.com