segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Decisões de Negócio

Não são muitas as vezes em que, durante a nossa vida, somos iluminados por um ou outro conceito que nos permite uma mudança de paradigma tal, que a partir dali, nada mais vemos da mesma maneira, pelo mesmo prisma.

Alguns desses conceitos, aplicados à área de gestão de negócio e sistemas de apoio à decisão, têm-nos sido transmitidos de forma clara nos últimos tempos e sinto neste momento necessidade de tentar reunir neste artigo alguns que julgo serem de extrema importância para a compreensão de uma série de matérias do conhecimento que estamos a adquirir e que todos esperamos transformar em sabedoria durante o nosso Mestrado.

Um dos conceitos principais que desde a primeira hora serviu de base ao nosso percurso é que a teoria de decisão assenta em 3 factores fundamentais, o facto de que temos de saber onde estamos (where-from), para onde vamos (where-to) e como vamos (how-to). O peso de cada um destes factores e a ordem pela qual devem ser tomados em consideração, é a chave para o sucesso e para as teorias de decisão modernas, diferentes das utilizadas no passado dos DSS (Sistemas de Apoio à Decisão).

art8-1222.jpg

À luz destes factores e ordenando-os para que possam ser decisivos, devemos antes de mais, procurar saber para onde vamos, abstraindo-nos de todos os vícios inerentes à actividade actual do negócio. Não são raros os casos em que o mais fácil será atalhar caminho, discutindo como vamos atingir determinado objectivo, sem antes o definir de forma clara. Isto pode, de facto, levar-nos a traçar caminhos longos para objectivos mal definidos. Um objectivo indica-nos uma direcção e não o meio de transporte, esse deve ser escolhido só depois de sabermos todos os destinos que queremos “visitar”.

Neste sentido, há que definir, prioritizar e hierarquizar os nossos objectivos estratégicos à luz da modelação das influências ou relações entre as nossas variáveis de decisão ou de input, as variáveis intermédias e as variáveis de output ou os nossos indicadores de performance que nos vão ajudar a medir os nossos objectivos. É aqui que, deste sistema pouco ou nada estruturado, temos de saber bem definir o nosso destino.

De seguida e antes ainda de escolher como se vai atingir a estratégia anterior, há que saber onde estamos, qual o estado presente do negócio, quais as decisões operacionais. Os dados e os modelos estão profundamente ligados, e os dados representam o que somos e é deles que podemos extrair conhecimento.

Só assim podemos, mais tarde, definir como o vamos fazer, modelando as decisões tácticas e aqui já temos um sistema fortemente estruturado, onde os objectivos de decisão estão claramente determinados sem conflitos, as variáveis ou alternativas são poucas e os efeitos da decisão são determinísticos. É aqui que entra o know-how, a gestão de conhecimento, onde vamos criando um roadmap para a resolução dos problemas que resulta de uma aprendizagem constante e iterativa destes 3 factores do sistema.

art8-21.jpg

Para concretizar os nossos objectivos, ou seja, definir a direcção em que nos vamos mover de forma a representar melhor as nossas necessidades e para que possam ser completos, minimalistas, compreensíveis e medíveis, é preciso ter dados e modelos numa relação fortemente acoplada de forma que uns não possam viver sem os outros. E realmente não podem, pois dados sem modelos não representam informação, estão fora de contexto.

Assim, temos uma dualidade modelos-dados interdependente e circular, proposta pela Professora Maria José Trigueiros em que os nossos modelos de negócio, ou seja, o nosso conhecimento explícito decorrente da análise das nossas decisões estratégicas nos permite deduzir dados, e os dados nos permitem, por seu lado, induzir ou extrair novo conhecimento.

art8-3.jpg

Este parece-me ser um dos pontos basilares da nossa formação e que a partir do momento em que conseguimos a mudança de paradigma, abstraindo-nos alguns níveis acima da simples camada de dados, entendemo-lo como sendo o sistema que melhor permite responder às exigências do apoio á decisão.

Espero ter conseguido explicitar aquilo que apreendi de uma forma perceptível, no entanto, isto é apenas a estrutura sob a qual assentam os sistemas de apoio à decisão e conto convosco para me ajudarem a melhor definir ou clarificar alguns pontos deste artigo e de outros que se seguirão.

in blog, João Guerreiro

Sem comentários: